quarta-feira, 19 de março de 2014

Estórias de Cá.. Sr. Ferreirinha

Há coisas que me deixam curiosa... Esta foi uma delas:
Ontem sem querer na RTP vi uma reportagem sobre o Sr. Ferreirinha (Manuel Silva) de Odemira, que tem como "profissão"... Amanhador... Só me lembrava deste termo oriundo das minhas raízes, os pescadores, do amanhar peixe... Mas não, este Amanhador o que faz é amanhar ossos que estão fora do sítio ou desinflamar nervos que teimam em nos dar cabo dos "nervos" :) Achei super interessante a humildade do Sr. ao referir que foi um dom que o pai dele lhe passou ao morrer nos seus braços.. O dom de curar com as mãos. Vi que o Sr antes de mexer na pessoa em questão vê a pulsação nos dois pulsos e de seguida diz onde é que a pessoa tem a dor/lesão. Não me pareceu nada charlatão visto ter recusado mexer em 2 Srªs por as mesmas estarem fraquinhas e que em vez de ali estarem deveriam tentar a dita medicina tradicional.
Com um aspecto simplório e vocabulário tímido mostrava que fazia aquilo porque achava que era o seu dever, que não tem explicação para o que faz e que só quer ajudar. Não vi ostentação nenhuma, não vi trocas de dinheiro, apenas uma cadeira simplória e uma carpete onde deita os "doentes" para situações que não consegue resolver na dita cadeira.
Achei muito interessante!!



Link da notícia RTP (Telejornal de 18-03-2014): 

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=724418&tm=8&layout=122&visual=61

Notícia:
À sua porta vão parando carros, uns atrás dos outros. Um homem, com a mão no peito, abeira-se. “Sr. Ferreirinha tem de ver o que eu tenho”, avisa. “Certamente”, responde o endireita. “Sente-se ali no banco”, acrescenta. 

“Andei a carregar umas caixas de feijão. Dei um jeito e quase não me dou mexido”, conta o homem, que ora fecha, ora arregala os olhos. O endireita pega nos pulsos do mal amanhado. Estica-lhe os braços. Um puxão e diz: “Já está no lugar”. 

A conversa prossegue. “Isto não é aprendido. Isto é inato. Nasce connosco. Há os cantadores, os poetas e depois há os que têm este dom e há os que têm tantos outros”, explica Ferreirinha, concluindo: “Penso que não consigo ensinar isto a ninguém. Têm vindo enfermeiras e pessoas com estudos ter comigo. Passam cá um tempo. Observam, tento explicar qualquer coisa, mas não adianta. Não conseguem aprender. Julgo, então, que não conseguirei ensinar isto a ninguém”. 

Um novo carro aproxima-se do portão. Mais um candidato ao banco do sr. Ferreirinha. Não tarda que chegue outro. “Isto, normalmente, é sempre assim. Há sempre alguém a precisar”, explica o endireita, que só não alinha gente aos feriados e aos domingos à tarde. 

Manuel Silva há 20 anos que se dedica a esta atividade. “O meu pai faleceu e depois fiquei eu. Depois do meu pai morrer as pessoas nunca mais me deixaram”. Antes, no entanto, já fazia qualquer coisa. “Amanhei uns quantos moços. Trabalhava com eles e quando era preciso metia-os no lugar”, conta. 

Mais um carro, mais um desarranjo. “Tenho casos difíceis, mas estes que estão a ver são coisas muito fáceis graças a Deus. Com um jeitinho e as pessoas ficam boas”, conta o homem. 
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